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Amizade: mais_valia

Quando corações se unem Posto que a saudade nos pune  Quando a amizade nos reúne  Já que a idade da morte é incerta Mas se a alegria é a coisa mais certa  Nas nossas memórias pregressas E se nossas memórias também são prantos Que nos abraçam, nos despertam Nos envolvemos novamente e sempre Nestes laços que eternamente nos cercam

Consolo

Em ti, serei, adiante, onipresente  Preciso de laços fortes, tantos, onipotentes  Se eu, somente dor, e em tudo migalhas Se me debruço em ti com meu corpo cadente  Muito e sempre, pacientemente, me recebe  Ainda que eu, dentro de mim, me reserve  O motivo seu, eu já não sei porque me acolhe Talvez nem saiba você também porque me escolhe O seu motivo, estarrecido, envergonhado, me comove Recolhido, de si mesmo fugido, morrido, me socorre De nós, um rebento, semente eternal  Fruto de um amor pueril, fraternal Plantado na fazenda, no jardim clonal  Florando na sombra, nos birros de cacau  Arranca de mim, raiz, pesadelo errante  Da paixão por vil alma, fútil, detestante Se nela me distraio em dores de parto Se me arrasta em silêncio de pranto Prometo com este sol, neste instante De agora em diante, não serei distante  Deste cuidado teu, em mim, relutante Aqui seguro meu, pois, eu, relevante Acalma-me neste seu amor pulsante Então guardarei dentro da gente O meigo, nosso amor resiliente  Se

Babenco: Sensualidade Frustrada

Quem é você? Que chega sem avisar? Que entra quase sem pedir? Que me seduz, que me induz? Que me beija, que me fez pensar? Que parece me desejar? Que me fez querer? Quem é você? Que me faz confiar? Que me desperta o profundo calor? Que me despe o pudor Que me rouba o amor Que me escraviza o desejo ardente E quando meu corpo rendido Acordada, eu sonhando O toque da sua boca quente O roço, sua língua firme, meu ventre No aperto das suas mãos rentes Seus lábios, meus seios indecentes Seus dedos, meu suspiro insistente Mas do nada, interrompe sem avisar E fecha a porta sem se despedir E se cala com este silêncio cortante Um abandono fulminante Me afoga no desencanto, o vazio E este silêncio ensurdecedor O que foi te calou? Pode me dizer? O que te frustrou? Você sonhou uma mulher fácil De curvas fartas e corpo ágil Sem exigir qualquer afeto em troca Como a prostitutas “rezam” em suas tocas Uma noite eu acordei lembrando de ti Eu carente

O Batismo

Levantaram cedinho, eu dormindo  Arrumaram comezinhos, burburinho  Calçados chinelos, pintados dedinhos Entraram de fininho, na beira, friozinho Pra banharem no rio, caudaloso Chico Batizando, sol à pico,  no velho cristalino Minha afilhada, meu anjo pequenino Águas beirando a caatinga, argila  Sem tempo de florada na seca, areia  Verdes, matizes, grandezas sertanejas Onde as chuvas são banhos e incertezas  Ausentes cores, amarelas, vermelhas Mandacarú, flores claras dormidas  Nas riquezas, mata branca de belezas Lá se vão brincando minhas princesas.

Seu Francisco

Seu Francisco Seu Francisco Eu soube que você é amigo dos animais Passeante nos bosques e nos quintais Da Itália,  filho de Assis  Da nobreza, dos copos de cristais Renunciou a riqueza, cuidando dos pobres mortais No Brasil, Os franciscanos nos cactais Filhos do velho Chico, ancestrais Esta é minha casa, abrigo de flor Senta aqui no verde aparador  Descansa no talhado beiral Converse com as plantas, dulçor Se ilumine com luz do sol e do luar Vou ali meu velho Chico Banhar_me no rio de margem colossal Olhar o sol poente debruçada no varal São Francisco, filho seu, seu igual  Enquanto isso, olhe por mim Fica aqui, vigia o meu ninho  Cuida deste meu mundinho Canta com seus passarinhos!

Sassa, minha afilhada

Sassá, afilhada Eu quis te abençoar pessoalmente Desejei te enlaçar com meus braços, rente Mas o mundo imenso gira intensamente E o mar nos separa infinitamente Te oferto o que agora tão somente posso Te trago, então, minha menina amada Na sua primavera, seu dia de princesa  Em poucas palavras, muita singeleza  As guardo em minha mente com clareza Que te representam com toda certeza Seu sorriso, seu carinho, meu esteio Seu afeto, seu gosto por espelhos Suas rimas, seus poemas eu releio O rosa, seu tom no esmalte A areia da praia no balde O balão, seu vestido cor de jade  Sua vara dourada de condão Ciranda, casa simples do arrabalde Um beijo da prima Bebel Um quadro, um novo pincel Um brilho, uma pulseira, um anel Seus rabiscos, a família no papel Um afago, um soninho cansado  Nos braços do vovô Renato Ou brincadeira de corcunda Nas costas do irmão Gabriel Elegância e aconchego de menina  De dia, no colo da vovó querida  Um cheiro no pé do pescoço te irradia É o afeto da vovó mãezinha q

Menina Maria

Parte I _ Nascimento Eu sou o tempo infinito em você Sem fração, sou tempo inteiro No relógio de algarismos e ponteiros Onde escorre as horas feito água no boeiro Não na borda da régua que finda É como marcador que não regra O ponteiro que jamais corre léguas O ponteiro que, pra Maria, é trégua   E nesse infinito universo de amor Meu tempo materno é atemporal No vaso que jamais se quebra Mesmo talhado em segundos de cristal   Vaso que acolhe no colo O tempo que nunca foge Do vento que balança flor Uma flor de menina Maria Gosto de mel, favo, favor É brincando de enganar o tempo No chão de ladrilho e cimento Sono protegido no relento Durma bem, ao som de aves, do vento Sinfonias traduzidas, cores, desenhos Breves, lentos, infantis pensamentos E quando você dorme, é flor que morre É dor, é cela, na esperança que acorde Me toque com seu beijinho molhado? Me sorria com seu sorriso largo? Dê_me seu abraço apertado? Pele, suor de cacau fermentado Parte II _ Infância Hoje você faz sete anos d